Pela primeira vez em quase 50 dias, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, conversaram por telefone na quarta-feira (09/10) em meio à escalada de tensões no Oriente Médio. A ligação tinha como propósito discutir sobre os planos do regime sionista de retaliar o Irã pelo ataque de mísseis realizado em 1º de outubro. Entretanto, segundo uma nota divulgada pela Casa Branca, isso não aconteceu.
O governo norte-americano limitou-se a relatar que Biden voltou a condenar “inequivocamente” a ofensiva da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRCG, por sua sigla em inglês) contra as bases militares de Tel Aviv, reforçou que os EUA seguem defendendo o “direito de autodefesa” de Israel contra o Hezbollah, e que seu país mantém o compromisso de garantir a segurança da nação aliada.
Em relação à intensificação dos ataques liderados pelas forças israelenses no Líbano, Biden enfatizou a necessidade de um acordo diplomático para retornar os civis libaneses e israelenses para suas casas em ambos os lados da fronteira que divide os países.
O jornal The Times of Israel apontou nesta quinta-feira (10/10) que “a leitura da Casa Branca não ofereceu nenhuma informação nova sobre a posição dos EUA sobre um potencial ataque retaliatório israelense contra o Irã”, enquanto o jornal The New York Times observou o mesmo.
“Quando a reunião terminou, as autoridades norte-americanas não disseram nada sobre os planos de Israel, ou se Netanyahu indicou que atenderia às advertências de Biden para não atingir instalações nucleares ou de energia, algo que a Casa Branca teme que possa levar a uma escalada de ataques com mísseis iranianos e respostas israelenses”, disse o veículo norte-americano.
Embora a conversa de 30 minutos tenha sido classificada pela secretária da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, como “direta e produtiva”, o The Times of Israel revelou que, durante a ligação, o mandatário dos EUA se mostrou “muito frustrado com a forma pela qual Netanyahu lidou com a guerra em Gaza e, mais recentemente, com os combates no Líbano, lamentando sua falta de estratégia de como encerrar o conflito”.
A ligação telefônica ocorre em meio a uma forte escalada de Israel no Líbano, que já promoveu deslocamentos massivos e causou mais de duas mil mortes. Sob a prerrogativa de estar em combate contra o grupo libanês Hezbollah, aliado do Hamas, as forças israelenses explodiram dispositivos de comunicação, como pagers e walkie-talkies em todo o país, além de aumentar o contingente de ofensivas aéreas contra civis.
A vice-presidente Kamala Harris, candidata democrata à Presidência norte-americana, não participou diretamente do diálogo, mas foi convidada a ouvir a discussão, uma vez que o conflito no Oriente Médio configura uma pauta importante na reta final de sua campanha, antes das eleições previstas para novembro.
Em 1º de outubro, as forças iranianas reivindicaram um ataque de mísseis contra três bases militares sediadas em Tel Aviv, em apoio ao povo libanês e palestino, no que Israel prometeu responder com uma ofensiva “devastadora”. No entanto, o principal cúmplice do regime sionista, Biden, num primeiro momento, expressou oposição com relação aos planos israelenses em atingir refinarias de petróleo e bases de produção nuclear do Irã, alegando temor de um conflito de maiores proporções em todo o Oriente Médio.